Cientistas desenvolveram um antídoto revolucionário contra o veneno das 19 cobras mais letais do planeta. O segredo por trás dessa conquista? O sangue de um homem hiperimune, que foi picado mais de 200 vezes.
A descoberta foi publicada recentemente na revista científica Cell. O antiveneno é eficaz contra cobras como a naja-real, a mamba-negra e a cobra-tigre, entre outras.
A chave dessa inovação é Tim Friede, um homem que se tornou um doador único. Seus anticorpos formaram a base de um coquetel capaz de salvar vidas. “O que nos empolgou sobre esse doador foi seu histórico imunológico singular. Ele não só desenvolveu anticorpos altamente neutralizantes, mas também possibilitou a criação de um antídoto de amplo espectro”, explicou Jacob Glanville, CEO da Centivax. A fórmula já foi testada com sucesso em camundongos.
Corpo como Defensor
Tim Friede, morador dos Estados Unidos, transformou seu corpo em uma defesa contra venenos de cobras. Ao se submeter a picadas dos répteis, ele desenvolveu uma imunidade que surpreendeu a comunidade científica. Hoje, seus anticorpos são capazes de neutralizar diversas neurotoxinas.
Coquetel Potente
A partir dos anticorpos de Tim, os pesquisadores criaram uma fórmula composta por três elementos: dois anticorpos específicos e uma pequena molécula chamada varespladib. Os testes com camundongos demonstraram a eficácia extraordinária da combinação.
Dentre as 19 cobras analisadas, o antídoto proporcionou proteção completa contra 13 espécies e proteção parcial contra as outras. O primeiro anticorpo neutralizou seis espécies, enquanto a adição da molécula inibidora aumentou a eficácia contra mais três. O segundo anticorpo ampliou ainda mais a proteção, criando uma resposta nunca antes observada.
Rumo a um Antídoto Universal
De acordo com Peter Kwong, professor da Universidade de Columbia, o grupo está cada vez mais próximo de criar um antídoto universal. “O objetivo final seria desenvolver um único coquetel antiveneno, ou até dois: um para os elapídeos e outro para os viperídeos, já que algumas regiões do mundo enfrentam picadas de um ou outro tipo de cobra”, afirmou o especialista.
Agora, os cientistas planejam testar o antídoto em condições reais. O primeiro passo será disponibilizar doses para clínicas veterinárias na Austrália, onde muitos cães são vítimas de picadas de cobras. O próximo desafio será testar o antídoto em humanos.
